domingo, 24 de janeiro de 2010

A transposição do São Francisco e o Nordeste baiano


A revista Anuário Exame, de dezembro de 2009, a traz reportagem sobre o impacto das obras de Projeto de Transposição do Rio São Francisco nos municípios do entorno da construção dos canais que vão levar a água do rio são Francisco para os estados do Ceará, Paraíba e Pernambuco.
É a maior obra do governo Federal já realizada no nordeste brasileiro. Em termos de investimento representa mais de cinco bilhões de Reais e conta com cerca de 8500 homens trabalhando em três turnos. Sem contar nos empregos indiretos, estimados em mais de 50 mil.
Na região de Petrolândia, Cabrobó, Salgueiro e Custódia, todas no estado de Pernambuco, só fica sem trabalho quem quer. Nestes dias de ritmo acelerado das obras, as empresas que compõem os vários consórcios remuneram e bem todos os profissionais, sejam eles carpinteiros, pedreiros, operadores de máquinas, montadores, dentre outros. Também daqui de Paulo Afonso, Glória, Rodelas, Abaré, Macururé e Chorrochó têm saído todos os dias muitos profissionais em busca da oportunidade de trabalho e renda.
A Transposição das águas do rio São Francisco para o Nordeste Setentrional é, sem sombra de dúvidas, a esperança de se ter água de qualidade para matar a sede dos homens e para o incentivo à produção dos nossos irmãos nordestinos, de forma a acabar com o principal entrave ao desenvolvimento daquela região que é a falta de água.
Hoje, existe uma falsa impressão na região de que temos mais um ciclo de crescimento. Na realidade o que temos mais uma vez é inchaço econômico. Explico: são empregos temporários. Como o acampamento é itinerante, ou seja, hoje está aqui, daqui a um mês ou dois meses já estará adiante, o impacto sobre a economia dos municípios é também temporário. Outra coisa, a região a ser beneficiada com a água do Projeto de Transposição fica a, no mínimo, 300 km de onde as obras acontecem hoje.

E fica para nós a pergunta: E os nossos irmãos barranqueiros e ribeirinhos do São Francisco? Será que nós não temos o mesmo direito ao desenvolvimento e ao aproveitamento da água do velho Chico para consumo e para produção? Em nossa região ainda é fato o carro pipa levar água há menos de 3 km das margens do rio. Ainda existem muitas comunidades sem ter acesso à água de beber ou para produzir e os projetos de irrigação do lado baiano da represa de Itaparica andam a passos de tartaruga. O estudo técnico para se viabilizar o Projeto Jusante está guardado numa gaveta da CODEVASF há mais de 30 anos juntamente com o projeto Dois Irmãos que perenizaria o rio Macururé e aumentaria a vazão do rio Vaza Barris.
Só para ficar nestes dois exemplos, seriam mais de 60 mil hectares de terras irrigadas e beneficiadas mais de 400 mil pessoas, direta e indiretamente.
Entendo que Desenvolvimento se faz com políticas publicas permanentes, sustentáveis, de incentivo e apoio a produção, com é o caso da irrigação, com investimento em infraestrutura – acesso a água, energia, estradas, segurança publica, transportes, comunicações, respeito ao meio ambiente e, principalmente, investimento na qualificação profissional e na educação.
Um dia as hidroelétricas do complexo Paulo Afonso fizeram a redenção do Nordeste. Neste ano, teremos eleições para Deputados, Senadores, Governadores e Presidente da Republica. Nada mais justo que se incluir na pauta dos debates um programa de resgate e valorização deste pedaço esquecido da Bahia e para o próximo governo, numa espécie de PAC 2, incluir o Projeto Jusante e o Projeto Dois Irmãos nas prioridades para a região nordeste da Bahia. Desenvolvimento com Justiça Social.

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