sábado, 30 de maio de 2009
A logomarca e a propaganda dos governos
É lugar comum as administrações públicas no inicio das suas gestões criarem uma marca com um slogan e as cores do novo governo. A equipe de marketing esforça-se para resumir em poucas palavras e imagens a “cara” do novo governo. Goste-se ou não, aquela é e passa a ser a marca da administração pública. E essas marcas são pintadas em toda a estrutura pública, prédios públicos, carros, material de expediente, etc. Uma prática geral que sobrevive às campanhas eleitorais País afora. A criação de logomarcas nunca foi declarada ilegal, incluindo a de todos os governos municipais, estaduais e federal. Passados e presentes.
Defendo o fim dessas logomarcas na administração pública. É preciso uma ruptura com este modelo tradicional de publicidade no setor público. O País inteiro desrespeita a Constituição. O atual modelo personalista privilegia a ação do governante de plantão e não a ação do Estado. Como cada gestor quer impor sua própria marca de governo gasta-se fortunas para repintar e refazer uma infinidade de materiais e equipamentos.
Para promover tal ruptura, basta seguir ao pé da letra o que determina a Constituição do Brasil. Está lá, no artigo 37: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
Com o fim do modelo tradicional de publicidade oficial praticada no Brasil, um governante terá também que suportar as pressões políticas. Inclusive, as suas próprias. Para um político, é difícil resistir é idéia de, por exemplo, aparecer numa peça publicitária inaugurando uma obra e com textos relatando os quilômetros de estradas construídas ou na quantidade de casas populares erguidas.
Além de adequar a publicidade à lei, este novo modelo economiza dinheiro público. Cada esfera de governo usará apenas os símbolos oficiais. O brasão da república, do estado ou do município, dependendo do caso, passaria então a ser a única marca a ser usada tanto na propaganda oficial quanto em toda a estrutura do governo.
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