sábado, 6 de junho de 2009
Cadê o meu São João?
Mais uma vez os festejos juninos, que já tomam conta da capital da energia e dos municípios da região, se distanciam do verdadeiro sentido das comemorações de Santo Antonio, São João e São Pedro. Bandas e atrações de renome nacional (às quais tenho o maior respeito) irão “abrilhantar” os nossos festejos em homenagem aos santos católicos. Não sou contra estas bandas ou atrações. Sou contra é o uso do dinheiro público para financiar grandes atrações artísticas e empresários do setor de promoções e eventos.
Numa região pobre e com serviços públicos de educação e saúde de baixa qualidade, é indemissível que gestores públicos apliquem verdadeiras fortunas no financiamento de uma cultura exótica a nossa. São dois grandes equívocos: o primeiro quando o dinheiro público do nordestino pobre e excluído servindo para financiar a cultura “sertaneja” do sudeste maravilha ou as bandas estilizadas e artistas do Ceará e da Paraíba. Não se valoriza os artistas da terra. Ficam esquecidos os grupos folclóricos dos cangaceiros, as quadrilhas tradicionais e os forrozeiros Deca do Acordeom, Enoque, Elias Nogueira, Trapiá, Forró Desarmado, Bia Leite, Vitorino e Voz de Ouro, Dissonantes, dentre tantos outros talentos locais. O segundo equivoco é que se a intenção do serviço público é aumentar o número de visitantes para a nossa cidade não é desta forma que o turista vai se sentir atraído em sair de sua casa para ver a mesmice que ele já tem na sua terra natal.
Se quisermos ser diferentes temos que valorizar o que é nosso. É preciso promover o resgate do mais tradicional festejo de São João comemorado pela população e pelos turistas ao som da sanfona com a tradicional quadrilha, casamento matuto, forró pé de serra, xote, xaxado e baião. Pequenas ou grandes festas que reúnam a comunidade e muitos turistas, com barracas de comidas típicas feitas de milho, como a canjica e a pamonha, amendoim cozido, sarapatel, carne bode. No palco, show com artistas da terra e queima de fogos de artifício que, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. É o agradecimento do povo nordestino a Santo Antonio, São João e São Pedro pelas chuvas caídas nas lavouras, da colheita do milho e da safra de “inverno”.
No centro do “arraiá”, ornamentado e decorado com bandeirinhas, balões e palha de coqueiro, o marcador vai dando as ordens e os componentes seguem os passos da dança. Moças e rapazes vestidos a caráter: traje matuto (os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e chapéu de palha, e as mulheres com vestido colorido de xita e chapéu de palha). A festa começa após a encenação do casamento matuto onde o noivo utiliza-se de muitas artimanhas para não firmar o compromisso. Com um detalhe: o “ato” já foi consumado e a noiva “está de barriga”. Outros personagens compõem a quadrilha: o pai da noiva, delegado, padre, testemunhas, familiares e convidados dos noivos. Quem não se lembra do “arraiá” de Mama Vitória, do São João do Colepa, dos “arraiás” da rua Tamandaré, rua D, rua Santo Antonio, rua Castro Alves, rua Rui Barbosa, Vila Militar, AABB ... Só quem já teve oportunidade de participar de uma legitima festa junina sabe a alegria da expressão “alavantú, anarriê, balancê”.
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Eu passei por tudo isso na mesma epoca que voce e sinto muita falta esse São João de hoje não tem nada a ver mesmo
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